Começam a chegar ao mercado os primeiros seguros de carro com as novas regras da Susep (Superintendência de Seguros Privados). É um seguro mais flexível, que permite à pessoa escolher os itens da cobertura, vincular a apólice ao motorista – e não ao carro – e decidir qual o valor que deseja cobrir, por exemplo.
O objetivo dessa flexibilidade toda é baratear o custo e assim ampliar a cobertura, pois a taxa de carros segurados no Brasil é baixíssima. Estima-se que apenas 30% da frota de veículos em circulação no país esteja segurada, segundo a FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais).
“Com normas mais flexíveis, fica aberto o caminho para ampliar a base de segurados, com produtos mais ajustados às necessidades do consumidor “, diz Antonio Trindade, presidente da FenSeg.
No novo modelo, o segurado pode contratar coberturas parciais. “Agora, posso optar por cobrir apenas metade desse valor. Se o carro vale R$ 20 mil, eu cubro só R$ 10 mil. A indenização é menor, mas pelo menos não perco tudo. Isso deve permitir que mais pessoas segurem seus carros”, afirma José Varanda, professor da ENS (Escola de Negócios e Seguros).
Outra mudança que permite baratear o preço é a possibilidade de usar peças recondicionadas de reposição. “No seguro tradicional, se tiver um dano no seu carro, a seguradora vai substituir as peças por originais. Nesse modelo novo, dá para escolher entre peças novas originais ou recondicionadas que passaram pelo Inmetro. Isso barateia o preço”, diz Varanda.
A grande novidade mesmo é atrelar o seguro ao motorista, e não ao carro. A Sura é uma das primeiras seguradoras a lançar esse tipo de seguro. Batizado de seguro pessoal de mobilidade, ele custa a partir de R$ 15 mensais. “É um produto interessante para quem não tem carro, mas que aluga com alguma frequência. Ao alugar o veículo, a pessoa não precisa contratar outro seguro, pois já tem o dela de motorista”, afirma Varanda.
Mas antes de sair trocando de seguro, Varanda diz que o proprietário precisa avaliar os prós e contras de cada modelo e analisar qual deles é o mais adequado para o seu perfil. A cobertura mais importante, segundo ele, é aquela que cobre danos a terceiros.
“Todos deveriam contratar seguro contra terceiros. Pelo menos os mais antigos, que não costumam ter seguro de casco. Ele é relativamente barato, custa de 10% a 15% do seguro completo e evita dor de cabeça”, afirma Varanda.
Ele diz que a dor de cabeça é gigante para quem se envolve em um acidente contra terceiros e não tem essa cobertura. “Se você tem um carro de R$ 20 mil e perde ele, perdeu R$ 20 mil. Mas se destruir um carro de R$ 100 mil? Ou atropelar 3 ou 4 pessoas? Há uma tendência do judiciário de mandar ressarcir dano corporal e material.”
Vale a pena fazer esse novo modelo?
Motoristas de aplicativos que alugam carro, por exemplo, podem se beneficiar desse tipo de seguro, pois não precisarão mais pagar o seguro da locadora a cada vez que trocam de carro.
Para quem não tem seguro, é lógico que melhor ter esse produto do que nenhum.
Mas Varanda lembra que é preciso sempre conversar com o corretor para que ele indique o produto mais adequado de acordo com as necessidades de cada motorista.
Dá para contratar outro modelo se seguro?
Não é de hoje que o motorista pode contratar uma cobertura apenas para seu carro, só para terceiros ou a compreensiva (completa). O seguro do carro cobre casos de incêndio, roubo, colisão, alagamento, queda de árvore. Mas não cobre o conserto de outros carros, por exemplo.
“Se uso muito o carro para trabalhar ou estudar, o ideal era ter a cobertura compreensiva. Se não posso pagar, mas moro numa área com muito roubo ou alagamento, é desejável segurar ao menos o veículo. O recomendado mesmo é sempre ter cobertura para acidentes contra terceiros, pois posso bater numa Ferrari ou numa Mobi e meu seguro vai cobrir o dano.”
Fonte: CQCS